sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Media digitais e construção da identidade social


Os diferentes textos fornecidos diziam respeito ao desenvolvimento da identidade nos jovens e o papel que as novas tecnologias têm neste processo. A escolha do grupo recaiu sobre o texto que abordava a relação das comunicações móveis e dos telemóveis com a socialização e a construção da identidade dos mais novos.
Este tema é bastante actual. Em Portugal, como no restante mundo ocidental, tem-se verificado uma significativa alteração no modo como as pessoas comunicam. Assiste-se ao abandono do método tradicional de comunicação (envio de correspondência) e, paralelamente, a uma crescente utilização de novos métodos, como por exemplo, as mensagens curtas de texto, enviadas através de telemóveis. Entre 2002 e 2006 o envio deste tipo de mensagens cresceu mais de 500% e nos últimos anos (entre 2005 e 2006) o crescimento foi na ordem dos 100%.
Os estudos mostram que, em Portugal, o número de adolescentes e de pré-adolescentes que possuem telemóvel aproxima-se dos 100%.
Neste contexto, percebe-se a importância das comunicações móveis e dos telemóveis para a vida dos jovens e antevê-se a sua intervenção na socialização e na construção de identidade destes, o que justificou a selecção do texto que abordava o tema.
Considerando que a proposta de trabalho era a de elaborar uma síntese do texto, o grupo adoptou a metodologia de cada elemento fazer uma leitura geral do documento, para que pudesse ter uma ideia global do mesmo, ficando cada um responsável por resumir uma parte do texto. Foi decidido que a síntese final seria apresentada à turma sob a forma de powerpoint. Verificou-se que o nosso grupo foi o único a tomar esta decisão, as restantes equipas optaram por apresentar o trabalho em documento de texto.
Os trabalhos dos outros dois grupos sobre a utilização dos telemóveis (grupo 1) e a criação de páginas pessoais online (grupo 3) vieram ao encontro das nossas conclusões. Como pude referir no fórum, os estudos mostram o que constatamos diariamente nas escolas. Parte da percepção que os jovens têm uns dos outros é dada pelas tecnologias que utilizam. O modelo de telemóvel, o tipo de toque que têm, as fotos que guardam e todas as utilizações que fazem da tecnologia caracteriza-os perante os seus pares. É também interessante perceber que os jovens criam, por imposição dos educadores ou não, códigos de conduta relativamente à utilização do telemóvel que muitas vezes nos passam despercebidos e que esses códigos funcionam como uma espécie de regras de pertença a um determinado grupo. Relativamente à criação online de páginas pessoais e de blogs, percebe-se que estes têm dois papéis fundamentais:
1) Constituem uma forma dos jovens reflectirem e se exprimirem sobre assuntos que não têm eco entre os seus pares ou sobre os quais não conseguem falar cara-a-cara. É característico do período da adolescência a sensação de não se ser ouvido por ninguém e, nesta perspectiva, a produção online é encarada como uma oportunidade de se ser ouvido por muita gente.
2) Dão a sensação de pertença ao grupo, sendo um veículo de comunicação entre pares e possibilitando a recepção de feedback e de reconhecimento.
Como disse no fórum, o meu único receio da produção online , para além das questões relacionadas com a segurança, prende-se com a possibilidade dos jovens se refugiarem totalmente no mundo virtual deixando de comunicar directamente com quem lhes está próximo, ou seja, haver um desfasamento entre o seu mundo virtual e o seu mundo real. Esta visão mais pessimista foi partilhada no fórum por alguns dos colegas, mas contestada por outros. A Maritza, por exemplo, expressou opinião contrária, afirmando que “os jovens continuam a manter relações presenciais e físicas, a possuir um grupo de amigos com quem convivem em situações reais”. Esta colega acredita que as situações virtuais são apenas mais uma possibilidade que os jovens têm de continuarem a interagir com os amigos e de fazerem novos conhecimentos, aumentando assim o número de interacções e o tempo em que ocorrem. Ainda em relação a este tema, houve outro comentário interessante, foi o da Eduarda que apontou causas para a solidão “partilhada”. Esta colega referiu a desestruturação familiar, a falta de valores, a desresponsabilização dos pais e a falta de diálogo com os jovens como as razões principais para os jovens se "fecharem" no mundo das tecnologias. Não poderia estar mais de acordo. De facto, quando existem problemas de socialização, as tecnologias não são normalmente a razão desse problema mas antes a tentativa de resolução do problema. É necessário que a família (e a escola) não se demita do seu papel de educar, de formar, de estruturar, enfim, de ajudar a crescer.
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O trabalho do grupo pode ser consultado em:

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